Não há inovação em ambientes tóxicos e de exaustão

Segundo o relatório da Gallup 2025, somente 21% das pessoas estão engajadas no trabalho. Olhamos ao redor e vemos pessoas exaustas, sobrecarregadas e pouco motivadas ou criativas. Vivemos apáticos, entediados, trabalhando por necessidade e não por senso de significado ou de realização.

O mundo vem mudando completamente, mas nossa relação com o trabalho não. Estamos vendo a evolução exponencial da inteligência artificial generativa, mas ao invés de trabalharmos menos e conseguirmos focar no estratégico e criativo, seguimos trabalhando em excesso e de forma pouco significativa. Vivemos um teatro da produtividade, estamos muito ocupados, entretanto, segundo pesquisa da Breeze, 51% das atividades realizadas são gastas em atividades de pouco valor: muitas reuniões, muita comunicação, burocracia, operacional e pouco foco no que realmente importa.

E ao invés de entendermos que nossa relação com o trabalho precisa de mudanças estruturais, seguimos no modelo ultrapassado que atuamos há mais de 100 anos, desde a segunda revolução industrial. 

Será que com todas essas mudanças que estamos passando nas últimas décadas, não está na hora de ressignificarmos nosso modelo de gestão? Será que mensuramos de fato produtividade e resultados ou estamos apegados ao controle, ao presenteísmo e à disponibilidade de nosso time?

Estamos atrasados para a mudança, mas ela é urgente e essencial. E será com um novo olhar da liderança, que construiremos o futuro do trabalho que pode ser melhor para todos. O líder impacta na saúde mental do profissional de sua equipe da mesma forma que o cônjuge dessa pessoa, segundo pesquisa da UK Workforce. Além disso, segundo a Gallup, 70% do engajamento do time vem da liderança, que inspira ou desmotiva. Nós líderes somos a peça chave dessa tão necessária revolução.

Afinal, não há inovação em ambientes tóxicos e de pessoas exaustas. Em ambientes com falta de segurança psicológica, que vem de competição, ambientes pouco inclusivos, pouco diversos e sem abertura para autenticidade ou espaço para erros, não há inovação. E em 2025, mais do que nunca, sabemos que a inovação não virá através somente da IA, mas sim do uso dela por um olhar de um ser humano, que tem visão criativa, analítica e estratégica. De termos o ser humano no centro dos negócios.

Mas para isso, é preciso uma cultura saudável e uma liderança humanizada, entendendo que será através de um time que acredita e confia que construiremos esse novo caminho. Cuidar de pessoas é estratégia de negócios e a inovação só virá com esse aprendizado.

Renata Rivetti é especialista na ciência da felicidade, fundadora da Reconnect, TEDx speaker, LinkedIn Top Voice. colunista e autora do “O Poder do bem-estar: um guia para redesenhar o futuro do trabalho” pelo selo Objetiva da Companhia das Letras. Após anos como executiva de marketing, fez uma virada de carreira para promover a cultura de bem-estar nas organizações. Hoje é referência em felicidade, relações humanas, liderança humanizada, saúde mental no trabalho e futuro do trabalho. Atua com grandes empresas, como Nestlé, Unilever, Stellantis, entre outras, além de embaixadora do movimento 4 Day Week no país. Renata é formada em Administração pela FGV-EAESP, com pós-graduação em Psicologia Positiva na PUC-RS e especialização em Estudos da Felicidade na Happiness Studies Academy, além de diversas certificações em bem-estar e saúde mental no trabalho em Harvard, Penn, entre outras instituições.

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